terça-feira, 20 de setembro de 2011

A tela grande

Pode-se pensar que discorrer sobre cinema é estar ultrapassado no tempo. No entanto, como sinônimo de arte de compor e realizar filmes, nunca esteve tão em evidência como se vê pela milionária indústria cinematográfica, principalmente a norte-americana, “expert” na arte do entretenimento, com seus imbatíveis filmes de ação.

Mas os filmes que fazem refletir, esses são característica dos europeus, tal como na América Latina o são dos argentinos. Os dos diretores iranianos são bons, os da Bollyhood, os indianos, populares naquele imenso país e a mania dos brasileiros é a de expor a miséria de nosso povo. Coisa de intelectual de esquerda...

Depois então do extraordinário avanço da tecnologia, os filmes podem ser assistidos, não somente pela TV, mas também por quem possui um pequeno e portátil aparelho de comunicação. Conclui-se, portanto, que o cinema nunca esteve tão em moda como atualmente.

Mas o cinema também pode ser sinônimo de um local onde se assiste filmes. E sem quaisquer laivos de saudosismo, muita gente teve o privilégio de assisti-los na tela grande, naquelas amplas salas que existiam em quase todas as cidades do nosso país, até mesmo nas pequenas. Na capital do Estado, então, eram salas imponentes, com amplas escadarias de mármore. Um luxo só. Nos lançamentos dos filmes, havia filas que viravam o quarteirão.

Uma geração privilegiada. As salas, se não diminuíram, se extinguiram. E todos sabem o porquê disso: televisão e videocassete. Agora então, com o computador e toda essa parafernália eletrônica que, a cada seis meses, é ultrapassada por uma maior tecnologia, poder-se-ia até afirmar que acabou a magia da tela grande, restrita em pouquíssimos lugares, para gáudio dos cinéfilos que não abrem mão da sétima arte.

No entanto, há de se pensar não mais no passado e sim no presente e, principalmente no futuro. Porque, a continuar assim, inexistindo as telas grandes, estar-se-ia sonegando às futuras gerações assistir filmes numa sala própria. Não é lícito deixar de proporcionar às crianças e aos jovens esse entretenimento sublime. É preciso um lugar para tanto.

E é isso que muitos administradores, eleitos pelo voto popular, estão tentando fazer, mormente nas pequenas cidades, onde, geralmente, são parcas as distrações do povo. Se os donos dos cinemas não mais conseguem geri-los por serem antieconômicos, cumpre ao poder público, em todos os níveis, tentar encontrar uma fórmula para suprir essa deficiência cultural.

E uma dessas fórmulas poderia ser tentar conseguir verba federal (Lei Rouanet) ou até do Estado; outra, um acordo com os proprietários e, por fim, talvez a mais radical, a desapropriação.
Mas a sala grande também pode ser aproveitada como uma oficina cultural para os jovens e as crianças, onde a música, a dança, o teatro poderiam motivá-los culturalmente, coisa que a escola ainda não conseguiu.

Os representantes do povo, os administradores da cidade, vereadores e prefeito, precisam pensar com carinho nessa idéia de a cidade ter um lugar compatível com o nível cultural de seu povo.

Uma oficina cultural, com cinema e tudo. Para as futuras gerações.



Luís Carlos Bedran